O Paysandu vive um momento delicado em campo, ocupando a última posição da Série B, e também enfrenta pressão para sair dessa situação. Para gerenciar os custos da temporada atual, o presidente Roger Aguilera anunciou que o clube fez uma antecipação de receitas da Copa do Brasil de 2025 e está organizando um novo pedido para antecipar as cotas de 2026.
Presidente Roger Aguilera (Arquivo Pessoal Instagram)
Essa prática, frequentemente adotada em situações de crise financeira, levanta dúvidas sobre suas consequências a médio e longo prazo. Marcos Antônio, docente de matemática e especialista no mercado de futebol, considera que ações desse tipo podem amenizar a situação atual, porém prejudicam a saúde financeira do clube a longo prazo.
“Quando um clube antecipa receitas dos anos seguintes, ele resolve um problema momentâneo, mas cria outro mais à frente. É como usar o salário do mês que vem para pagar a conta de hoje. Se a situação esportiva não melhorar e novas dívidas surgirem, haverá menos recursos disponíveis para enfrentá-las”, explicou.
Reprodução Instagram / Paysandu
O dirigente do clube bicolor não especificou os valores acordados, mas a referência está na cota mínima da Copa do Brasil de 2025, que é um pouco superior a R$ 2,3 milhões para as equipes que começam a competição na terceira fase. Uma parte desse valor já foi empregada para cumprir obrigações da temporada em curso. Para Marcos Antônio, a situação se torna ainda mais alarmante ao levar em conta a posição do tempo na tabela.
“O desempenho esportivo influencia diretamente a capacidade de gerar receitas. Se o clube cair para a Série C, perde em cota de televisão, bilheteria e patrocínio. Com menos dinheiro entrando e receitas futuras já comprometidas, a margem de manobra fica reduzida”, avaliou.
De acordo com Marcos Antônio, a antecipação pode assegurar a continuidade da temporada, porém impõe restrições para os anos seguintes.
Roger Aguilera solicita transmissão de partida à CBF – Crédito: Jorge Luís Totti/Paysandu
“O ideal seria que o clube buscasse alternativas de aumento de receita que não dependessem apenas da antecipação, como novos patrocínios, parcerias e maior exploração da marca. Caso contrário, pode entrar em um ciclo de dependência dessas operações, sempre gastando antecipadamente o que ainda não entrou”, concluiu.