Foto: Matheus Vieira / Paysandu

Nova era? Marcelo Sant’Ana garante profissionalismo total nos bastidores do Paysandu

Com a apresentação de Marcelo Sant’Ana como novo executivo de futebol, o Paysandu deu início oficialmente a um novo capítulo para a temporada de 2026. Em uma coletiva de imprensa caracterizada pela transparência e minuciosidade, o dirigente com experiência como presidente do Bahia e passagem por clubes como Vasco, América-RN e instituições internacionais apresentou seu diagnóstico inicial, as prioridades e o modelo de gestão que pretende adotar na Curuzu.

Paysandu inicia reestruturação com a chegada do novo executivo de futebol Marcelo Sant’Ana | Divulgação: ascom Paysandu

Em sua fala de abertura, Sant’Ana enfatizou a importância do desafio que aceita, declarando estar “muito feliz de estar no Paysandu, o maior campeão da Amazônia”. Ele também reconheceu a decepção dos torcedores com o descenso para a Série C. Ele elogiou a atitude dos torcedores, destacando que, apesar de o time estar na última posição da Série B, o clube alcançou a quarta maior média de público do torneio.

Sant’Ana refletiu sobre sua trajetória atípica no futebol ao se tornar presidente do Bahia antes de assumir outros cargos e explicou como essa vivência influenciou sua compreensão global sobre administração esportiva.

Ele comparou um clube a um “organismo vivo”, onde o futebol é o coração, mas precisa de áreas como financeiro, comercial e sócio-torcedor para sobreviver e se desenvolver. De acordo com ele, essa perspectiva unificada será implementada no Paysandu, utilizando indicadores claros e uma avaliação rigorosa de desempenho.

Foto: Paysandu

Para o dirigente, não é suficiente contratar jogadores renomado; é necessário levar em conta a condição física, técnica, tática e emocional, além da regularidade com que o jogador se mantém disponível durante a temporada.

O novo executivo declarou que terá liberdade técnica, mantendo sempre o respeito à hierarquia interna e prestando contas ao comitê gestor. Ele se descreveu como um dirigente rigoroso, que exige metas todos os dias. Ao abordar a formação do elenco, foi enfático ao declarar que “nenhum atleta é maior do que o Paysandu” e que essa norma se aplica a todos os colaboradores.

Explicou que a avaliação de cada jogador seguirá três etapas: primeiro, saber se o atleta quer ficar; depois, analisar se o salário é compatível com sua performance em campo; e, por último, confirmar se o clube pode mantê-lo dentro do orçamento da Série C. O dirigente também ressaltou que há jogadores com contratos cujo nível salarial está acima da capacidade financeira do clube para 2026.

Foto: Thiago Gomes

Um dos momentos mais esperados da coletiva foi a declaração sobre Rossi, o principal investimento do clube para 2025. Sant’Ana declarou que ainda não teve a oportunidade de conversar com o jogador desde sua chegada, mas enfatizou que ele será tratado com dignidade. Para ele, é normal que jogadores mais visíveis e bem remunerados também sejam mais exigidos, algo que não é exclusivo do Paysandu.

Ele recordou que já trabalhou com Rossi no Vasco e ressaltou que a permanência do atacante dependerá do interesse do próprio jogador, da relação custo-benefício entre investimento e desempenho em campo, além da viabilidade financeira do clube para mantê-lo até 2026. De acordo com ele, as decisões devem ser tomadas com base no que for melhor para todos os envolvidos.

Sant’Ana também comentou sobre a contratação do técnico Júnior Rocha, que foi contratado poucas horas antes de sua chegada oficial ao clube. Ele forneceu dados e um histórico para justificar a decisão, destacando que o técnico é um dos que mais atuaram na Série C nos últimos anos, participou de quadrangulares finais e mostra estabilidade em seus projetos, sem deixá-los no meio da temporada.

Novo técnico do Paysandu para 2026. (Júnior Rocha, técnico do Caxias — Foto: Luiz Erbes/Caxias)

Segundo o executivo, a contratação foi estratégica e alinhada ao principal objetivo de recolocar o Paysandu na Série B.

O dirigente anunciou que o Paysandu começará 2026 com 17 jogadores sob contrato, sendo 10 do elenco principal e 7 da base. Além disso, a pré-temporada deve ter início no dia 16 de dezembro. Sant’Ana foi enfático a respeito de possíveis renovações:

“Pouquíssimos jogadores que terminaram contrato vão renovar”, declarou, ressaltando que a temporada de 2025 não atendeu às expectativas. Ele também informou que existe um jogador com pré-contrato assinado pela administração anterior, porém a diretoria ainda está analisando antes de oficializar a contratação.

Um pilar fundamental do modelo de trabalho do novo executivo será o uso das categorias de base. Ele declarou que prefere trabalhar com jovens devido à sua recuperação física mais rápida, menor custo e ao fato de despertarem o interesse do mercado. O dirigente espera que de três a cinco jogadores da base da Curuzu façam parte do time profissional durante o ano.

Por último, Sant’Ana discutiu questões estruturais e revelou que a presidência se comprometeu a entregar o novo centro de treinamento antes do começo da Série C. A ideia é unificar academia, vestiário e campo em um só lugar, eliminando a necessidade de deslocamentos e melhorando a qualidade do trabalho diário.

O executivo também defendeu a proteção institucional do departamento de futebol, a diminuição das interferências externas e a elevação do nível de profissionalização dentro do clube. Ele enfatizou que o Paysandu necessita de boas práticas, processos sólidos e estabilidade para retornar à competição em alto nível.