No dia 1º de dezembro, o Paysandu foi notificado pela 2ª Promotoria de Justiça de Tutelas das Fundações Privadas, Associações de Interesse Social, Falência e Recuperação Judicial/Extrajudicial do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). O clube deve prestar esclarecimentos sobre alegadas irregularidades contábeis e financeiras relacionadas às gestões recentes em um prazo de 15 dias.

A promotora de Justiça Helena Maria Oliveira Muniz Gomes assinou a medida em despacho datado de 4 de novembro de 2025, no contexto da Notícia de Fato n.º 01.2025.00031986-3. Essa notícia foi instaurada com base em uma representação apresentada pelo conselheiro Frederico José Silva de Carvalho. O MPPA pediu que o Paysandu enviasse documentos e informações a respeito dos acontecimentos descritos na representação.
Se não houver resposta ao ofício dentro do prazo estipulado, o processo prosseguirá com base nas informações já fornecidas na denúncia apresentada ao órgão.
Na notícia de fato, o conselheiro requerente mencionou que há uma grande quantidade de discrepâncias relevantes entre os valores publicados no Portal da Transparência do clube e os valores apresentados nos relatórios de auditoria independente dos exercícios de 2021 a 2024.

A representação vem acompanhada de balancetes, editais de convocação do Conselho Deliberativo, pareceres contábeis e auditorias independentes. De acordo com o autor, esses elementos evidenciam inconsistências não justificadas nos documentos oficiais do Paysandu. Um dos principais aspectos abordados é a variação nos valores do imobilizado e do ativo total do clube nos meses de novembro e dezembro de 2022.
O relatório contábil apresentado pelo denunciante, elaborado pelo contador Marivaldo Silva e datado de 29 de setembro de 2025, levou em consideração os documentos disponibilizados no portal de transparência do clube, conforme o conselheiro. O saldo do imobilizado registrado em 30 de novembro de 2022 era de R$ 77.201.321,22. No entanto, o balanço de 31 de dezembro de 2022 indicava um valor de R$ 96.225.826,00, resultando em uma diferença de R$ 19.024.504,78 em um período de apenas 30 dias.

Outra irregularidade notável foi a eliminação da conta de compensação, que somava R$ 50.869.733,43 no balancete de novembro de 2022 e não está presente no balanço de encerramento do exercício. Por outro lado, no mesmo período, o ativo total do clube caiu de R$ 149.465.468,29 para R$ 116.454.448,00, uma redução de R$ 33 milhões sem qualquer explicação ou nota técnica de auditoria.
Além disso, a representação alega que o Conselho Fiscal do clube não teria emitido um parecer sobre as contas da gestão de 2024 dentro do prazo estipulado pelo estatuto. Também afirma que o Conselho Deliberativo teria agido de maneira parcial ao aprovar os balanços sem a necessária análise técnica.
O autor pede a inclusão de Manoel Acácio Bastos de Almeida e Silva, presidente do Conselho Deliberativo, e de Abelardo Ferreira Serra, presidente do Conselho Fiscal, no polo passivo, citando conflito de interesses e falha no dever de fiscalização. De acordo com o documento, o atual presidente do Conselho Fiscal teria ocupado posições de direção financeira em administrações passadas e recebido quantias diretamente em sua conta pessoal, sem que houvesse prestação de contas posterior.
O denunciante caracteriza o caso como um possível conflito de interesses, pois o mesmo dirigente atual é encarregado de emitir pareceres sobre gestões nas quais ele teria estado envolvido.
Além disso, a notícia faz referência a dispositivos do Estatuto Social do Paysandu Sport Club, como os artigos 105, 117, 179 e 182, que estabelecem que as contas anuais do clube só devem ser avaliadas pelo Conselho Deliberativo após a emissão de parecer do Conselho Fiscal e publicadas no Portal da Transparência.
Por último, o relatório técnico de Marivaldo Silva, que foi anexado à denúncia, confirma que as discrepâncias identificadas “não têm notas explicativas que justifiquem as diferenças entre os balancetes internos e os relatórios de auditoria”. O documento sugere que o Ministério Público e as entidades de fiscalização solicitem extratos bancários, contratos de empréstimo, registros de patrimônio e relatórios de controle interno para uma análise minuciosa das transações financeiras do clube.
Veja mais notícias do Paysandu, acompanhe os jogos, resultados, classificação e a história do Paysandu Sport Club.
