O fisiologista do Paysandu explica os efeitos do gramado sintético em atletas de elite

A polêmica em torno da utilização de campos sintéticos no futebol do Brasil ganhou destaque em 2025, principalmente após uma campanha nas mídias sociais liderada por estrelas do esporte como Neymar, Gabigol, Lucas Moura, Thiago Silva e Philippe Coutinho. Os atletas argumentam que a competição profissional de futebol deve ocorrer em campos naturais de excelente qualidade, criticando a adoção cada vez maior de campos artificiais e solicitando investimentos para aprimorar os campos naturais no país.

No Brasil, vários estádios já contam com gramados sintéticos, incluindo o Allianz Parque (Palmeiras), a Ligga Arena (Athletico-PR), o Nilton Santos (Botafogo) e a Arena MRV (Atlético-MG). Os clubes que optam pelo piso artificial ressaltam seus benefícios, tais como maior longevidade, desgaste reduzido e a capacidade de sediar grandes eventos sem prejudicar a qualidade do campo.

Contudo, para os clubes do Pará, a possibilidade de possuir um estádio com gramado sintético ainda é inalcançável e até mesmo utopia, uma vez que nenhum clube da região mostra disposição em escolher esse tipo de piso. Apesar de Paysandu e Remo estarem planejando a instalação de campos com grama sintética em seus Centros de Treinamento, a execução ainda não foi concretizada.

No momento, quando Paysandu e Remo necessitam se preparar para partidas em campo sintético, eles recorrem ao Centro Esportivo da Juventude (CEJU) para conduzir os treinamentos. Esta estrutura proporciona um campo de grama sintética similar aos estádios onde os jogos serão realizados, simplificando a adaptação dos jogadores.

Com a dupla Re-PA em ação na Ligga Arena nesta Série B, o Núcleo de Esportes de O Liberal conversou com o fisiologista Mateus Eiki Baptista, do Paysandu, para elucidar questões sobre o efeito do gramado sintético no rendimento físico dos jogadores e as consequências dessa superfície no futebol profissional.

O profissional de fisioterapia esclareceu que há uma diferença relevante entre o campo natural e o sintético, principalmente em relação ao desempenho físico dos atletas. De acordo com ele, a grama sintética demanda muito mais esforço, resultando em um cansaço mais rápido dos jogadores. Ademais, o especialista enfatizou que, sob a perspectiva tática, os jogadores devem estar “100%” focados em cada movimento do jogo para se ajustarem às particularidades do terreno.

“O jogo fica mais rápido, a bola mais viva, e isso impacta diretamente nas distâncias percorridas em alta intensidade. Como o ritmo aumenta, os atletas precisam se deslocar mais rapidamente e por distâncias maiores, o que representa o principal impacto físico no rendimento. Já no aspecto técnico, por conta da bola se mover com mais velocidade nesse tipo de gramado, os jogadores precisam estar muito atentos e concentrados para realizar um bom domínio”, explicou Mateus.

“Em relação à nossa preparação para jogar em gramado sintético, não temos um treino específico porque não contamos com esse tipo de campo para os treinamentos. A única preparação que fazemos são os alertas da comissão técnica sobre as características desse gramado. O jogo fica mais rápido, a bola mais viva, então os atletas precisam estar com um nível de atenção muito maior quando atuam nesse tipo de superfície”, explicou Mateus.